terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Belo Horizonte, sexta cidade do Brasil

Segundo dados do útlimo senso do IBGE, Belo Horizonte corresponte ao sexto município mais populoso do Brasil: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_dos_cem_munic%C3%ADpios_mais_populosos_do_Brasil

Cadê o Prefeito?


A se contar pelas inúmeras publicidades veículadas nas mídias locais, tudo parece dar certo por aqui: educação, saúde, limpeza urbana, transporte coletivo, restaurante popular; os "reclames publicitários" anunciam uma cidade cartão postal, a CAPITAL DOS MINEIROS. orgulho na Copa 2014.


Porém quanto à sua memória histórica, Belo Horizonte mostra uma topografia injusta: a cidade mudou seu centro três:vezes deixando para trás histórias de passagem dos tropeiros pela praça Vaz de Melo, Bonfim, Lagoinha e, até mais adiante na "Vila dos Marmiteiros" (Carlos Prates e Padre Eustáquio).


Todas as vias, sem asfalto e inundação, partiam da praça Sete. E Belo Horizonte pulsava com seus bondes, ônibus elétricos e alamedas floridas aos pés da imponente Serra do Curral, ainda intacta ante as garras do progresso.


Uma outra Beagá, tem seu centro comercial na Savassi, entre livrarias, cibercafés, casas de rápidas refeições, selve services, bancos, consultórios, e, subindo o morro, o palácio do Governo, ante as palmeiras centenárias da praça da Liberdade..Naquele percurso da avenida do Contorno; que dá uma pista do planejamento burocrático e ineficaz na criação da CAPITAL DOS MINEIROS <sem muitas favelas, imperava a proximidade com os bairros nobres, das velhas elites de funcionários públicos, profissionais liberais realizados e comerciantes bem sucedidos (bairros Santo Antônio, São Pedro, Funcionários, Sion etc) no empreendimento da capital de Minas..


O centro de "Beagá" mudou para a Savassi com sua padaria, cinema, depois Mack Donalds, naou algazarra da juventude, zumzum dos poetas, escritores, músicos, cineastas, intelectuais, namorados e boêmios nos cafés/ livrarias da Savassi. 


A modernidade não pára nos limites da avenida do Contorno. Sobe, veloz, para o que resta da Serra do Curral, com o morro das antenas das televisão, subindo pelo Buritis,em direção ao BH Shopping. Alí a Selva de Pedra se destaca na paisagem futurista; prédios de concreto, altos e luxuosos, são habitados por máquinas modernas de vidro fumê e sistemas inteligentes de controle dos equipamentos e acesso dos lares que ali se elevam aos céus. Embaixo, nas amplas calçadas, o comércio local resiste entre farmácias e lojas de conveniências; calçadas vazias de gente (operários e burocratas engravatados passam apressados) o "Clube da esquina" acontece no play ground dos prédios. A rua de pública se tornou "caso de polícia", o medo, o assalto o atropelamento... o sossego está no vigésimo quinto andar de um prédio ou condomínio fechado..


Na travessia da Serra do Curral, Belo Horizonte se enlaça com a velha Nova Lima, cidade da usina de ouro  Morro Velho, glória do capital e do trabalho, que veio da Inglaterra no século passado na extração e exportação de nossos tesouros em metais. 


Hoje, só os times da cidade preservam a tradição: Atlético e Cruzeiro sonham com o Mineirão, fechado para reformas à Copa 2014, até esquecem  da eterna rivalidadebriga entre o galo e a raposa, e correm para ver o "Vila Nova" ou o América entrar em campo no show de bola.


Cercada de montanhas, Nova Lima é abraçada por luxuosos condomínios residenciais, com bulevares, cães de estimação fazendo a guarda das casas ou passeando pelas ruas e calçadas, entre portarias monitoradas por guardas particulares e câmeras de segurança. Nas margens da pista de rolagem das máquinas velozes, restaurantes exóticos reúnem a nova boêmia motorizada.. Do alto da montanha uma torre circular, luminosa, em formato de um disco voador, dá vistas a toda a cidade e suas múltiplas periferias.


A boemia do Bonfim, os cafés da praça Sete, a padaria da Savassi, os cines Odeon, Paladium, Brasil, Gurany, Roxy etc, assim como os antigos casarões, perdem espaço para o progresso utilitário, dos investimentos monetários revertidos em moeda social. Massificada, a memória da cidade, surrada como os trapos do mendigo, fica guardada nos museus, nos neurônios que sobraram dos antigos boêmios, que já não bebem tanto pois o caminhar exige cuidado redobrado, no embate com a boemia motorizada das três Beagás.


Antigos retratos em preto e branco e monumentos históricos recuperam a visão de uma cidade jardim, agora morta nas paisagens deslocadas às foto, com seu verde aprisionado no Parque Central. Memória viva nas pinturas, filmes, literatura, poesia e arte de seus filhos que já não vivem mais aqui..


A mídia radiofônica, televisada, impessa, dos out doors, painéis  e televisão de plasma dos ônibus, mostram o espaço público virtual, sustentado pela propaganda dos órgãos públicos, que financiam o moderno de forma velada. E, já com vistas nas novas fachadas para os eventos internacionais. de massa que se aproximam, em que a elite assiste de camarote ou em suas telas virtuais individuais.


Nasce uma nova Beagá, anunciada pelo prefeito Marcos Lacerda, que ninguém vê a não ser pela voz das mídias. Rodoanéis e super pistas de rolagem para automotores custuram a antiga praça Vaz de Mello, a avenida Antônio Carlos, com suas auto pista abre caminho para o Mineirão na Pampulha, Museu Mineiro,Iate Club, Igreja do Niemayer e corredores na orla da lagoa.


Esta é a Beagá que dizem que eu quero, construída pelo imaginário público da máquina política, que hoje se confunde com as esferas culturais e intelectuais.



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